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segunda-feira, 21 de maio de 2018

TODOS OS DIAS SÃO MEUS







Acabei de ler, de um fôlego, o livro “Todos os dias são meus” da autoria de Ana Saragoça, actriz, tradutora, escritora, mulher de sete ofícios, editado pela Planeta e digo de um fôlego porque a história, que se desenrola num prédio onde ocorreu um crime, escrita com grande mestria, nos empurra, página após página, para a necessidade de descobrir o culpado, o quanto antes. O ritmo é vertiginoso, todos contam a sua história com ironia fina, da porteira ao quadro da empresa, da namorada do engenheiro que deixa a polícia com calores aos gémeos hiper-activos, à excepção da vítima, num tom lento, terra a terra, apagado como toda a sua figura. Ficamos a saber quem foi o culpado umas páginas antes do fim, superiormente construído. Com prefácio de Mário de Carvalho, o livro sendo leve, tem argumentos de peso na forma como a autora nos revela o absoluto domínio com que brinca com as palavras. Dizem que é o primeiro romance. Aguardamos, com ansiedade, pelo segundo…

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

E A VIDA CONTINUOU




Chegou-me, hoje, por correio "E a Vida Continuou - Incursões na Loucura de uma Existência Normal" de Mário Jorge Almeida e já o li. Para quem pensar que os bancos são instituições de gente séria a gerir fortunas no conforto dos gabinetes, tem que ler este livro para perceber como um "Danny Devito" lê enciclopédias na casa de banho para decorar palavras caras para as reuniões que dirige, ou um "esparguete" que arranjou emprego à conta do irmão e conseguiu rebentar com uma corretora e despedir quase um terço dos funcionários de um banco. Pelo meio há sexo, muito sexo, má gestão e picardias. Só assim se percebe a hecatombe do panorama financeiro português. Uma viagem pela memória, pela adolescência, pela banca dos anos oitenta até aos nossos dias, Moçambique e a descolonização, num tom irónico, por vezes jocoso, um retrato da mediocridade que grassa nalguns setores, resultado de uma vontade e de um novo recomeçar...

"Não obstante ser clara a noção de valores e decência ou ausência total deles, que podemos intuir relativamente à atitude de uma empresa que durante a Quadra Natalícia decide despedir coletivamente perto de 150 empregados, alguns dos quais, (...) com mais de 50 anos de idade, (...) a verdade é que sem esta nova situação em que me encontro, escrever este livro teria permanecido no mesmo estado de projeto eternamente adiado em que se encontrava desde há quase trinta anos."