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sábado, 17 de novembro de 2018

ALA DE PEDIATRIA ONCOLÓGICA






A ver se todos nos entendemos:

Quando se fala da Ala pediátrica oncológica do Hospital de São João no Porto, é disto que estamos a falar: Contentores onde nem os Xutos e Pontapés se imaginariam a ensaiar. E o Manuel Alegre? Nem uma carta? Nem uma "trova do vento que passa"?



quarta-feira, 11 de abril de 2018

EXCELENTÍSSIMO SR. DR.RONALDO DAS FINANÇAS


HenriCartoon


EXCELENTÍSSIMO SR. DR. RONALDO DAS FINANÇAS

A minha tia da parte da minha mãe dizia que eu levava jeito para a escrita e para incomodar os “grandes” com assuntos desagradáveis, para além disso sou também doente oncológico, desempregado de longa duração e bom observador. Constato, por isso, com relativa facilidade, que vossa excelência domina com excelsa mestria, a conjugação dos verbos com a terminação em “AR”, a saber: Cobrar, Pagar, Identificar... Vem isto a propósito do facto de vossa excelência ter afirmado, recentemente, que tinha identificado o problema da quimioterapia pediátrica do Hospital de São João no Porto, ora caríssimo Mário Centeno, o que se pretende não é que o senhor tire o bilhete de identidade ao problema, mas, tão só, que se disponha a usar verbos com outras conjugações terminadas, por exemplo, em “IR”: Intervir, Agir, pois creia-me vossa excelência que essa minha tia, coberta de razão, achava que os afazeres de um político se mediam pela bitola de um “vulgar de Lineu” administrador de condomínio: receber as quotas e proceder à manutenção do edifício com os elevadores a funcionar. Ora, na prática, acredito piamente que se tenham lembrado de lançar esta notícia cá para fora, para mostrar “àqueles gajos do teatro” que não há dinheiro para a cultura, boa malha! Que nisto da política, há quem diga que é a arte do possível, opinião partilhada pela minha tia, que acreditava serem (alguns) políticos verdadeiros artistas. Eu já não reclamo com a falta de papel higiénico nos WC’s de alguns hospitais ou que a enfermeira não tenha agulhas finas e espete, na mão, um ferro digno de aplicação equídea quando vamos às consultas, mas as crianças Senhor… apanhadas por uma doença traiçoeira ainda terem que ganhar calo e resistência para aquilo que vão suportar nos hospitais do SNS na vida adulta é que já é demasiado. Por isso, e para concluir, sei que vossa excelência, no atapetado vetusto dos gabinetes ministeriais não se apercebe que esta situação dói mais que o diferencial entre 0,7% e 0,9% do deficit “para inglês ver”, mas veja lá, pela sua saudinha, se brevemente começa a conjugar o verbo “libertar verbas para os Hospitais”…
De Vossa Excelência
Atentamente
LB

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

CHOQUE EMOCIONAL



Brad Yeo
A crónica desta semana na Revista Caliban


Um dia, ao acordar, sentiu um zumbido no ouvido direito, uma espécie de filtro que o impedia de ouvir com clareza e uma tontura que rapidamente degenerou em vertigem.

Virou-se para o lado esquerdo e colocou as mãos sobre a cabeça, com sorte e um pouco mais de descanso, talvez o zumbido e a vertigem desaparecessem, mas não…
Duas horas depois continuava inquieto e às voltas, com a mulher aborrecida,que nem iam à praia nem nada e o miúdo que não saía do computador e ele a dormir, a bocejar, tonturas, vertigens e o que mais viesse, que fosse às urgências, que aquilo de ficar deitado o dia todo num sábado de sol era coisa de velhos.
E ele foi derreter a existência nas quatro horas previstas de espera, impressas nas letras miudinhas da senha da triagem. A médica era simpática e estava com boa disposição. Exames, análises, testes, catéteres, soro e perguntas, muitas perguntas.
“Choque emocional!
 É stress!
Tem alguma coisa que o atormente? Anda a fazer alguma coisa contrariado?”
Não! Tirando o pormenor de me encontrar sem trabalho há mais de um ano, frequentar uma inócua formação do centro de emprego depois de vinte cinco anos de devotada dedicação ao banco, onde me dilui no tratamento de avales, letras e livranças e que só suportava pela ênfase dada por amigos e vizinhos aos juros baixos, férias e regalias dos SAMS,
que até podiam aproveitar e comprar uma casa maior pelo preço de um T qualquer coisa em Cascais, ter filhos, cão, periquito, escritório, marquise e ainda sobrava espaço,
e de ter acordado, só agora, numa assoalhada da andropausa, sem força nem paciência para as pequenas arrelias da vida, com despeito pela futilidade de quem vivia alienado nas manhãs da TV a bater palmas e a ganhar robots de cozinha… Não! Tirando isso não tenho nada a atormentar-me.
Betarsec debaixo da língua e mais uma drageia para a vertigem durante uma semana e fazer exames daqui a cinco dias”.
Passaram três meses, continuo tonto e com zumbidos, sem a mesma força nem disponibilidade para derreter mais quatro horas, do precioso fio do tempo, no hospital, que isto da existência, também tem o seu preço.
Não doutora, o único choque emocional é o da minha cabeça, sem ginástica suficiente para perceber a dinâmica do mundo, pequenino e cinzento, que se fecha todos os dias, um pouco mais, mesmo à minha frente…